quarta-feira, 30 de maio de 2012

Balada Para un Loco - Astor Piazzolla e Eduardo Ferrer



Um tango com ternura
Enobrece à alma mais pura

Pois...

Brindemos com cálices de vinho
Aos loucos de corações vizinhos

Fernando

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Uma flor em meio ao cimento




Todos os dias, dias após dias, o inevitável frio soprava os corredores. Eram doentes e doentes invariavelmente eram carentes. Debilitados na fragilidade dos estados de seus corpos e espíritos. Às almas frágeis, fazia-se pesar o não poder levar do calor que costumavam ter por sobre suas faces em dias de sol.
Entretanto, havia algo em meio aos corredores e quartos que guardava uma preciosidade, uma flor, que trazia seu próprio sol. Ela era uma menina de pele alva da cor de noites de lua cheia, de cabelos vermelhos dourados que pareciam da fênix tirados. Estava agora em seu estado mais febril, vinda de duras batalhas com sua própria sorte. Dias e noites lutando por não apagar a chama que mantinha sua energia vital. A precariedade, a total entrega e a carência de intimidade já fazia parte de seu cotidiano. Era doloroso vê-la. Uma menina tão moça. Um martírio tão grande.
Todo o ar que tragava, já havia dias que por sua boca não passava. Era por meio de cânulas e aparelhos que respirava. Um incansável ir e vir artificial. O sono não era natural, queria dormir, mas seus olhos não fechavam quando desejava, mas sim quando as máquinas e medicamentos ditavam. O arbítrio já não era mais seu. Seu corpo já estava inerte a frequentes invasões. Cateteres, exames, tubos, desconhecidos de branco falando a sua volta hora sobre sua pessoa, hora sobre superficialidades.
A medicina moderna a fizera sobreviver, mas ainda não conseguira fazê-la viver, até aquele dia...
Já não mais dependia de aparelhos, mas estava fraca e havia ainda uma cânula que desviava o ar diretamente para seus pulmões. Não lhe era possível falar. Era-lhe cabível somente expressar-se com os olhos. Seus olhos azuis queriam falar, carregavam uma esperança sorvida por tristeza. Havia dor. Veio então a notícia. Seria possível colocar uma cânula em sua traqueia que a permitiria falar e que lhe daria mais conforto. O médico prontamente realizou o procedimento de troca. Sua mãe, que a acompanhava incondicionalmente desde sempre, sofria às lagrimas do lado de fora e entoava baixinho: Filha, sua mãe esta aqui! Sua mãe esta aqui, filhinha!
A jovem menina mais uma vez mostrava seus olhos de angústia. Era desconfortável, quase não tinha forças para tossir. Foi quando, que uma vez a nova cânula colocada, com sua mãe ao lado, aquela menina mostrou seus olhos em lágrimas e estendeu seus braços trêmulos. Sua mãe prontamente perguntou angustiada:
“Filhinha, você esta com dor?”
Dissemos que ela poderia agora falar, afinal já havia tanto tempo que já se desacostumara. Eis que ela reúne todas suas forças e, em um sopro de ternura, responde:
“Mamãe, eu te amo!”
Sua mãe, emocionada, passou a mão em seus cabelos e respondeu: “A mamãe também te ama, filha.”
O silêncio agora se fazia de fala, trazia o som da perplexidade dos que estavam a sua volta.
Havia em toda aquela fragilidade uma força que permeava todo o sofrimento. A força de um amor incondicional. Um amor tão doce que foi capaz de tirar, num instante, toda a amargura daquele sofrer. Algo que palavras realmente não são capazes de descrever.
Foi naquele dia, que pude sentir o perfume de uma flor, que se fez florir em meio a um mundo de cimento tão duro e arbitrário. Foi naquele dia que minhas lágrimas homenagearam o perfume mais doce deste mundo sem fim. Foi o amor, ele sim, que iluminou a flor mais nobre daquele jardim.


Fernando Wolf

terça-feira, 22 de maio de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Que saudade tenho dos sapatos baixos
Da poesia de tornozelos finos e delicados
De cada detalhe feminino ali observado
Dos versos que davam forma ao livro de teu corpo
No saber do sentido de cada sílaba
Dos segredos teus em mim bem sedimentados
Num repouso por sob o peito do que havia de sagrado

Que saudade tenho das vestes franzinas
Do perceber o que já era antigo e desbotado
De lembrar sempre a ocasião de cada vestido
A iluminar vestígios de beijos arrancados
Daquilo sentido, o amor de detalhes guardados
Dentro de minhas caixas ficam ali jogados

Que saudade tenho de guardar tua história
De fazer de cada sopro perfumado de tua boca
Retalho costurado em minhas memórias
De poder ser testemunha de teus passos
Que bailavam em compassos doces
À melodia de um amor com toda sua cor




Fernando Wolf

domingo, 20 de maio de 2012

La Vie en Rose (Piaf, Um Hino ao Amor) filme




Trecho do filme La Vie en Rose (Piaf um hino ao amor) 2007

Marion Cotillard, atriz que interpreta Piaf, já se faz por valer o filme.


Non, Je Ne Regrette Rien



Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié,
Je me fous du passé!

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n'ai plus besoin d'eux!

Balayé les amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro...

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Car ma vie, car mes joies,
Aujourd'hui, ça commence avec toi!

segunda-feira, 14 de maio de 2012


Entre o caos que assola o que há de divino
Encontro no meio do caminho a passos ligeiros
O cheiro de toda beleza do lado de fora
Que agora vira minha escola, e mostra
Com a luz apertando meus olhos
O sol cobrindo o vento por sobre os arvoredos
E todo aquele branco que me cercava
Agora se esvai por entre o mirar do relevo
Ao longe, como será que as coisas vão por lá... (?)

A saudade míngua no peito, se vai
Por entre corredores com diversas portas
Por entre o pedir de todas as forças
Dos que ali estão sem nenhuma opção
De ao longe também poder sonhar


Fernando

domingo, 13 de maio de 2012

As Invasões Bárbaras - 2003



O premiado filme “As Invasões Bárbaras” traz a despedida, a morte, a razão de existir, o apego à vida, os sentimentos, as relações e seus enredos numa fase mais madura da vida. Apaixonante de verdade com cenas onde os sentimentos são trazidos à tona. Uma das cenas mais bonitas é a da imagem acima entre pai e filho, difícil segurar as lágrimas.
Se tiver um tempo a mais, assista também ao filme “O Declínio do Império Americano” gravado em 1986 com o mesmo elenco – mais jovem obviamente. Aqui os personagens vivem as tramas amorosas/sexuais e existenciais contemporâneas às suas respectivas idades e época.



Abaixo a música L'amitié - Françoise Hardy  - que faz parte da trilha sonora do filme:



A amizade


Muitos de meus amigos vieram das nuvens,
Com o sol e a chuva como bagagem.
Fizeram a estação da amizade sincera,
A mais bela das quatro estações da terra.

Têm a doçura das mais belas paisagens,
E a fidelidade dos pássaros migradores.
E em seu coração está gravada uma ternura infinita,
Mas, as vezes, uma tristeza aparece em seus olhos.

Então, vêm se aquecer comigo,
e você também virá.

Poderá retornar às nuvens,
E sorrir de novo a outros rostos,
Distribuir à sua volta um pouco da sua ternura,
Quando alguem quiser esconder sua tristeza.

Como não sabemos o que a vida nos dá,
Talvez eu não seja mais ninguém.
Se me resta um amigo que realmente me compreenda,
Me esquecerei das lágrimas e penas.

Então, talvez eu vá até você aquecer
Meu coração com sua chama.





Fernando Wolf