quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Olhos velhos





Das rugas olheiras alheias
que antes me causavam respeito e idolatria
Agora as tenho à reveria
Já não me causam mais efeito,
Simples o tempo,
Fez de mim também velho de alma
Saudoso do tempo que o olhava de longe
Admirado

Sem mais,
Nada agora me parece espantar,
A humanidade simula e se refaz em fenômenos quaisquer
E as pedras continuam lá
Enfrentando o vento
Doando seus fragmentos
Às areias do universo

Que meus fragmentos
Possam também calmos voltar um dia
Ao fundo deste imenso oceano
Lá onde os peixes são peixes
E o mar, ainda é mar


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FW

domingo, 6 de novembro de 2016

Ser plena rosa





Presa em suas próprias pétalas
Ela vertia o néctar de sua tristeza
De um dia ser como cravo neutro
Sem vermelho
Não queria mais vermelho
Não queria mais ser vista de longe e ter perfume
Sonhava ser branca, como a parede
Poder viver desapercebida
E viver em paz

Mas acordou renascida
Em meio à uma fenda entre a rocha
E se viu rosa sem cravos
Seu perfume era intenso
Sua tez era sangue quente
Era rosa, na sua mais sincera natureza
Com espinhos
Que somente quem lhe trouxesse delicadeza
Poderia sentir o afago de sua face

Era rosa
Pois lhe era direito!

O perfume que corria
Por entre os cravos,
Por entre o capim
Ou por entre qualquer coisa
Era correnteza
E não havia quem segurasse
O desabrochar de suas pétalas




FWaMay


domingo, 16 de outubro de 2016

Poema dos teus sorrisos








Quando eriçam os pelos de tua`lma
Teus olhos clarificam-se em alegria
Violinos reverberam em teus ouvidos
As folhas de prantos passados
Que fazem do orvalho de noites tristes,
Caírem sobre tuas retinas


As janelas embaçadas pelo calor de teus sentimentos
Envoltas por campos alvos em geada
Fazem com que cada gotícula melancólica
Se junte uma a outra,
A recair entremeando o vapor que até bem pouco te cegava

Tuas retinas então vibram com a luz que adentra
Sobre o chão que recobrias com teus pés
E faz tua boca contemplar a vida num regozijar alegre que atravessa teus dentes e ganha o mundo afora

Eis o mais belos de teus solstícios
Quando o trigo atinge seu tamanho máximo
Acariciados pelos ventos que sopras de teus lábios
Douram uma áurea de manhãs serenas
Que te envolve e acalenta
A guardar a esperança dos remansos
Das mais saudosas alegrias
Lembradas pela magia
Dos teus sorrisos gentis
Que desabotoas docemente

Por entre teus lábios e véus



Fernando Wolf

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Olhar além



Uma boa perspectiva que pode ser usada tanto para o micro como para o macro. Se só prestarmos atenção ao que há de violento em alguém ou a algo, sopramos a palha que se queima, perdemos para o fogo tentando apagá-lo... Se prestarmos atenção ao que há de virtuoso dum ser e seu ambiente, mesmo em meio ao caos, há de florescer o belo. Um bom exercício este olhar mais atento e além. 


FW

segunda-feira, 11 de julho de 2016









Aqueles que conseguem viver,
Devotos de seus amores
Nus, na frialdade da pele que habita a cachoeira
Onde vertem as águas puras por entre os seios de uma ninfa
Que beija os próprios lábios e sente o sabor da sua dor
Sopra a face e faz doce o sangue que corta a sua carne

Aqueles que conseguem ver
Que pisam nas areias escaldantes de um deserto cálido
Sobre a mira de estrelas que carregam o peso de bilhões de outras estrelas
Num universo negro, que explode a razão de ser
E desatina a sombridão sobre milhões de cegos
Que como eu, vivem sob estrelas que não veem

Seletos de imensidão,
aqueles que conseguem viver...

O cheiro,
A maresia de ondas que batem em vão
No abraço das grandes rochas inertes
Dissolvem-se em respingos que deliciam as mãos
Daqueles que gritaram por viver 
E honrosamente suportaram as lágrimas caías na terra agreste, 
Sedenta de qualquer emoção


É ali, na solidão de uma noite silenciosa
Que me deito,
O chão, como um bom amigo
Guarda carinhoso as tristezas dos que lhe pisaram
E como num sonho vão
Seguro qualquer torrão seco que se desfaz em pó por entre os dedos
Dando uma estranha sensação 
Dum inicio de qualquer coisa de meu espírito
Que me faz voltar a esperança
De que um dia, minh`alma inunde esta mesma terra
Das mesmas lágrimas dos que um dia ousaram chorá-las
Pois os seletos que choraram com as estrelas, estes sim, as viram
e viveram.






FW