domingo, 24 de fevereiro de 2013

Andar sozinho





Quando se está sozinho, a alma certamente não o será! Estará triste por ti, que fechaste os olhos a ela. Pois justamente quando os olhos estão míopes, é que vem este ardor do peito. Alcalme-te em ti mesmo, feche os olhos para enxergar. Acalme o ar que passa por tuas ventas e sopre para fora de teu corpo as asperezas desta vida. Pois em paz então, poderás navegar por rios brandos de amor. Respire o todo, respire a ti mesmo, pois agora o és. Permitas-te chorar as belezas deste pequeno milagre. Talvez quando enxergares, possas um dia ajudar a outros que andam por aí cegos, como um dia, já andavas tu.



Fernando Wolf

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Arrepender do arrependido





Como se ainda estivesse lá
No momento anterior ao erro
Minhas falas far-se-iam mudas
Minhas mãos não atenderiam
Meu corpo estaria suspenso
E nada deste mal premeditado
Seria feito ou recriado
É no segundo anterior a fala
Na indolência antes do tapa
Na repugnância da inocência
Que meus instintos insistem
Lá que querem me jogar
Mudar o imutável, o já visto
Os olhos agora não veem, só lembram
A desatenta ignorância do ser
Que agora chora por lágrimas secas
Que não molham mais o destino
Mas doem em meio a gemidos
Do desejo não atendido
Dum ser pobre arrependido

Fernando Wolf

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Voa menino






Voa menino voa
A recantos brandos de teu coração
Se tão longe mora tua paz
menino voa,
Vá para onde foge a razão

Feche os olhos como se fosse beijar a vida
Naquela infância... de tolerância
Onde acariciavas o tempo,
como um amigo de teu íntimo
Um assopro no bolo, um momento bom

 Voa menino voa, para bem longe, longe do chão
 Para onde repouses a alma
Escute-a então, no teu sagrado e chore
Enquanto te pedem para ficar com os olhos abertos
Por algo que não amam...
Por algo que fazem sem nenhum prazer

Voa agora, menino voa
Se desfaça das vestes que carrega
Tens em ti a chave, as benesses, as tuas preces
Tens as lembranças de tudo que corre no peito,
Que ama o sujeito refletido
 No lago sereno de sonhos bons
Que mostra a vida, de como é vivida
As coisas sofridas, em meio a guaridas de um nada fugaz

Meu menino voa,
Por oceanos agora podes cruzar
Vendo a calma por sobre nuvens negras
Sob o sol, tens o teu novo lar
Voa para o ventre que te fez salvar
As tarde de manhã segura,
em tua envoltura por sobre o olhar

Sabe menino,
Se um dia voares para longe
Este alguém será ninguém, e não importará mais
Se tens seguido teu próprio caminho,
Sabes que ele é duro, reto e sofrido
Mas agora podes, eu sei que podes
Voar!

Então voa,
Repousas tranquilo por sobre o Jequitibá
E lá quem sabe talvez, um dia
Venha um sabiá lhe assoviar
As tristezas de tempos sofridos
Transformadas em canto do seu próprio pranto
Num nunca mais chorar



Voa menino filho voa
As vestes que cria são ilusões
De antigos achados em quimeras
Quando buscavam soluções
Mas a vida mostrou a eles
Que o jogo não tem razão
Basta ser, basta viver
Como se tudo fosse o pão

Ah menino velho
Por que guardas tantas mágoas no coração?
Se tua mãe falava que devias
Seguir simplesmente a tua razão
Mas se teimas em resolver
O teu destino em se perder
Saibas o preço a pagar
Esta em jogo o próprio viver 
Pois então voa enquanto podes
O teu caminho ninguém vai escolher

Tua sina é tua glória
Insana capta a tua história
Em tristes refrãos de solidão
Repetes ciclos de compreensão

Pois voa menino voa
Teu limite é teu véu, todo o teu céu
Tens as máscaras a vestir, tens a vida a suprir
Mas de qualquer maneira
Sabes a besteira de não viver
A sofrer por sobre o mundo
E em um segundo se perder
És os inicio de tudo, és o fim do mundo
És o idílio a se solver 


Fernando Wolf