sexta-feira, 28 de novembro de 2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Meu amigo sinaleiro





Todos os dias passam na movimentada rua da minha casa sonetos de petróleo
Por vezes sou contemplado pelo sinaleiro lá de baixo na esquina
Que me presenteia com um repentino silêncio do vermelho de carros parados
É ali que me emociono com o barulho das cigarras
E das folhas que batem umas nas outras orquestradas pelo vento

Fica aqui uma grata homenagem ao meu amigo sinaleiro
Poeta do meu silêncio



FW

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O velho e o tempo




Um homem depois de certa monta já não descansa por descansar
Ele já sofreu do medo de sua própria história um dia não se firmar
Mas depois de toda glória, toda história, ficou algo para pensar
Se foi daquele ardor todo o verdadeiro fruto a se plantar

Olhando ali para outros tempos aquele homem consegui rever
Que seus mais insanos desejos só o levaram a padecer
Fora o herói de sua firma, o mais materialista daquele alvorecer
Mas quando se debruçava por sua a vida, aquilo já não queria mais ser

A suas pernas fracas agora em águas mansas passeavam num sorrir
A sua gentileza era posta como algo de real a se fazer sentir
O homem tornou-se belo e suas rugas já não o deixavam sequer mentir
Era agora seu único castelo aquele elo sobre o tempo e seu despir

O homem sentia falta da inocência das crianças ao seu redor
Sabia que o futuro era deles e o seu já não lhe pedia o seu melhor
O mundo cada vez se despedia com mais um sol no horizonte a se pôr
O velho agora chorava o seu tempo e clamava: vivam com todo o amor!




FW

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Tratado geral das grandezas do ínfimo

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.

Manoel de Barros

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Heróis de coração









Os mais sinceros gritos  que vêm do ser
Vêm da morte nos olhos de quem não quer ver morrer
Estes levam à boca de quem padece
A cura de suas próprias vidas
E ali deixam o significado de todo ser

Num coração de outro que insiste em bater




FW

Aos inúmeros anônimos que dedicam suas vidas pelo bem das outras