domingo, 24 de outubro de 2010

Indiferente zelo
Depois de tanto ainda canto
Melodia sem cor
Minha face expressa meu dissabor
Tantos cantos proferidos
Sem saber quem me ouvia
Quero sim minha magia
Sem ela tudo é sem graça
Quero a cor de um amor de pirraça

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Acredite, não há alto nem baixo, há nisto uma ilusão. Há unicamente uma constante mudança e com sorte, um relativo aprendizado.

Fernando Wolf

domingo, 17 de outubro de 2010

Meu bem

Ah... Este teatro que montaste para mim
Coleciono mais um cravo em meu jardim
Afago meu desejo de sonhar

Ingrato! Da minha beleza não tomaste parte
Saíste pela culatra em seu estandarte
Já não quero mais brincar

Eunuco! Eu te xingo seu maluco
E guarde meu Deus seu trabuco
Chega de me provocar

Te lambo com a ânsia de meu ventre
Mas acabo descontente
Na platéia mais uma vez a chorar

Seu palhaço! Agora não tens mais nada
De mim nem um pedaço
Vamos festejar!

Adeus! Deixo-te beijos meus
Só para te lembrar
Que comigo não podes mais ficar

Fernando Wolf

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dotô operário

Entre um e outro
Minha alma se esvai
Mais um, mais dois, mais cem
Tempo para! Não para...
José, João, Josefina
Preto, branco, jovem, velho
Velho tempo que se passa
Já não sei quantos contei
Minha espinha já se curvou
Meu espírito também
Quando pensava: que mal tem?
Vinham mais Josés
Há de convir, penoso é para todos
Mais para os Josés das caras rachadas
Judiados esquecidos de uma nação
Nação de cegos seletos
Nação onde comandantes se blindam
Não vêem o que seus tanques atropelam
Ora bolas!
Somos cegos, só nos damos com outros amauróticos
Aos outros não precisamos nem queremos enxergar
Que sirvam de estradas

Fernando Wolf

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Reinventado

Mãe, matei um garoto
Como na música
Foi na última noite
No último sonho
Minhas próprias armas, Tânato usou
Tudo o que persegui deixei para trás
Hoje velo o menino dos sonhos de teus olhos
Mãe, eu matei
Nada mais restou do garoto
Nada mais do que você sonhou
Aqui jazem somente as reais entranhas de meu eu
Desculpe, mas eu precisava jogar o menino aos lobos
Ele já não me servia mais
Neste mundo tão real
O amargor não permite ilusões
A precariedade dos seres sufoca garotos desprevenidos
Tive que fazê-lo
Quero a placidez de volta
A infância lá do longe
Sim, disponho agora da aridez da vida
E não adianta voltar
Resta seguir com o que sobrou
Mãe, agora estou só neste mundo
Tenho que remar adiante
Novos oceanos desbravar
E quem sabe um dia,
Por entre o perene tempo,
Possa desfrutar de uma infância reinventada
E repousar meu corpo cansado
Em tempestades que já não me façam mais chorar

Fernando Wolf

terça-feira, 5 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vida, tango e vendavais

Da triste melodia ao explodir desconcertante
O acordeom dita o ritmo
Como a vida, você me desconcerta
Seus olhos de amêndoas escondem um delicioso mistério
Joga-me sem tomar notícia no desconhecido
Meu peito chora e ri ao mesmo tempo
Consegue me tirar o juízo qual criança que brinca com um peão
A dança de teus cachos hipnotiza como vento quente que sopra do mar
Poderosa brisa que atrai navegadores dos quatro cantos
Tento voltar ao meu eu
Não adianta, o vendaval sopra mais forte
Tento em vão mais uma vez,
Mas já danço na melodia que sopra do acordeom
Inevitável, já sei
Danço agora seu tango

Fernando Wolf

sábado, 2 de outubro de 2010

Menina

Desenho-te com palavras
Tua simplicidade juvenil desperta meu eu
Mergulho num romance fugaz
Tua inexperiencia inebria os homens
Imagino a eternidade,
Ao teu lado te ensinaria porques
Te mostraria vias tortuosas desta vida tao certa
Devaneios, mais uma vez voce em mim
Agora e sempre ficaremos no limbo
Numa agradavel lembranca de um encontro de almas distraídas
Agora e sempre, o improvável
O triste fim chega, inevitavel...
Fico mais uma vez com a separação
Finitude tao usual deste ser
Contento-me com minha solidão
E ja nao tao só
Divirto-me com teu rosto de menina
Que reverbera nos confins de meu peito

Fernando Wolf