quarta-feira, 24 de novembro de 2010

No limiar das águas, me despeço

A tensão da superfície é frágil

Bebo da lembrança de um beijo esquecido

Tenho em mim a tristeza de meu banzo

De uma terra de vivaz aquarela

De mares revoltos

Que ora brandos batiam em areias paradisíacas

Agora em fogo de insensatez de um incerto

Há o contento de um dia amar como amei

De sorrir frente à nova peça contida em outros emoldurados

Será um dia o azul tão vivaz quanto o turquesa que me mostraste?

Se trouxer a lembrança, igual nunca será!

Amarei diferente,

Da forma menos distante possível da que me ensinaste certa vez,

Pois é desta que aprendi a amar mais,

É desta maneira o meu novo amor, seu amor.



Fernando Wolf

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Minha vida por um crânio

Movo meu crânio e vejo-o tomando formas

Agito essas formas por ai

Vejo de dentro do crânio as reações frente ao meu crânio

Interessante movimento de carne e pele envolvente

Um dia atraente no outro descontente

Sigo sempre, levo meu crânio a passear

Vêm tempos modernos e meu crânio se expande

Tenho crânios fragmentados em todo um mundo

Tenho paixões que minha carne e ossos nunca tocaram

Tenho e não tenho

Desfruto o ar que bate na minha fronte e a endorfina que desfalece em meus neurônios

Quem pode estar, está ao longe tão perto

Fantástico mundo novo,

Virtual a mim e a meu crânio

Dilacera meu ser que há de ser mais um fragmento de um todo

Um todo global, um ser só, um milhão de crânios, um zilhão de tudo.

 
Fernando Wolf