Mar que envolve a pele com ternura
Oceano infinito que dorme nas areias de nossos mundos
Nas noites quentes de verão seu perfume vem de encontro ao rosto
Faz-nos caricias que lembram com prazer o que já se foi
O nascer e morrer do seu irmão iluminado o faz ainda mais belo
Hipnotiza até o mais precavido
Só por estar ali, já governas os poemas mais apaixonados
Mar sombrio de águas desconhecidas
Seu horizonte reto guarda seus mistérios
Suas águas são plúmbeas e gélidas, qual o medo em meu peito
Guarda histórias de mágoas e naufrágios já esquecidos pelo tempo
Ora outra engole sem pudor a vida tão frágil
Imprevisível, da placidez a tormenta, muda seu humor
Mostra seu poder sem razão, daí a sua imensidão.
Vejo o mar ao longe, ele me convida a um passeio
Amigável quais outras épocas em que me jogava sem medo nos seus devaneios
Mas tantas vezes já me mostrou sua força
Imprevisível tal qual a vida
O mar que oferta é irmão próximo dum oceano que leva
Perene dubiedade, hora pai impetuoso hora mãe afável
Neste eterno ir e vir
Oceano de imensidão sem fim
Mostra-se também finito ao esbravejo de suas ondas
Ao te mirar, vejo a vida como é
E ao banhar-me em suas águas me sinto vivo
Vou ao mar, vou à vida, sinto sua fúria
Mar, ó mar, me leve a portos que eu desejar
Mas se me desejares outros destinos, que sopre minhas velas sem exitar
Ao menos estarei em algum lugar, não só a te admirar
Ao menos saberei que fui ao mar.
Fernando Wolf