sábado, 12 de outubro de 2013
Amor de fotografia
Quando venho por um acaso,
em um mero acaso sorver
Aquela doce nostalgia,
de você em frente a mesa da cozinha
Cantando a vida e as feridas de outros amores,
de outros sabores
Sinto ali uma imensa ternura,
uma desabrochura do coração
Era o seu, de todos discursos,
o mais dos caridosos e amorosos
De fala e de corpo sinuosos,
nada me restava senão o seu gozo
E ali,
em meio a vida, em meio aos danos
nos perdemos... nos mordemos
Dissimulamos!
Perdidos em outros panos,
Já era hora,
era assim escrito
o último de nossos capítulos
Foi hoje aqui calado, no silêncio...
só quebrado pelos carros, pela rua
Que o vento soprou lembranças suas,
a catarse de nossa cama,
de nossos dramas
Recriadas e gozadas verdades,
jogadas ao alto sem pudor algum
Como gostava quando eram ditas,
como gostava de ouví-las
Era assim que se forjava nossa quimera,
em tristezas, alegrias e desconstruções...
O amor ali reinventado em nosso teatro,
sem tédio, sem remédio, só assédios
Mas, agora
no após dos tempos
vos digo:
Sorte minha, vida
O amor lembrado
Sorte minha
Ter sido amado
Ontem ia só
Com o amor dobrado
Hoje vou junto
Com ele no bolso guardado
Fernando Wolf
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