sábado, 25 de dezembro de 2010

Mar que envolve a pele com ternura

Oceano infinito que dorme nas areias de nossos mundos

Nas noites quentes de verão seu perfume vem de encontro ao rosto

Faz-nos caricias que lembram com prazer o que já se foi

O nascer e morrer do seu irmão iluminado o faz ainda mais belo

Hipnotiza até o mais precavido

Só por estar ali, já governas os poemas mais apaixonados





Mar sombrio de águas desconhecidas

Seu horizonte reto guarda seus mistérios

Suas águas são plúmbeas e gélidas, qual o medo em meu peito

Guarda histórias de mágoas e naufrágios já esquecidos pelo tempo

Ora outra engole sem pudor a vida tão frágil

Imprevisível, da placidez a tormenta, muda seu humor

Mostra seu poder sem razão, daí a sua imensidão.





Vejo o mar ao longe, ele me convida a um passeio

Amigável quais outras épocas em que me jogava sem medo nos seus devaneios

Mas tantas vezes já me mostrou sua força

Imprevisível tal qual a vida

O mar que oferta é irmão próximo dum oceano que leva

Perene dubiedade, hora pai impetuoso hora mãe afável

Neste eterno ir e vir





Oceano de imensidão sem fim

Mostra-se também finito ao esbravejo de suas ondas

Ao te mirar, vejo a vida como é

E ao banhar-me em suas águas me sinto vivo

Vou ao mar, vou à vida, sinto sua fúria





Mar, ó mar, me leve a portos que eu desejar

Mas se me desejares outros destinos, que sopre minhas velas sem exitar

Ao menos estarei em algum lugar, não só a te admirar

Ao menos saberei que fui ao mar.



Fernando Wolf

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Por que tão dura és, sua tez

Quando tão bela és, sua alma

O amor tão inocente aguarda seus sorrisos indecentes

Lembro dos seus olhos recitando poemas de doçuras

Quão nostálgica é alegria da infância

Eram as maçãs de seus olhos minhas,

Minhas brincadeiras, suas doces gargalhadas

O mundo mostrou já que pode parecer repleto de ascos

O dia pode nascer cinza por vezes

Mas minha cara, você é rara

De você pode nascer de novo,

Um amanhecer de risos e afagos por vezes esquecidos

Mas que se quiseres lembrar

Basta olhar o seu caminhar

Lá estamos, felizes, mirando o horizonte...



Fernando Wolf

A minha irmã Natália

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Em minhas jornadas eles sempre estavam lá para me guardar


Criei uma fantástica ilusão hipnótica de que tê-los ao meu lado é algo natural, perene.

Sinto a segurança da disponibilidade de sempre encontrar afago frente às feridas e cóleras de meu ser.

Um sempre, sempre em meu discurso. Que bom se fosse assim, sempre!

Ganho carinhos outros, mas estes diferentes não em qualidade ou quantidade, os afagos são simplesmente únicos em sua essência.

Se disserem que é o sangue, considero simplório por demais.

Como botar em palavras esta sintonia que transcende qualquer explicação psicanalítica.

Amar sim, mas amar seres por amar, da forma mais pura possível.

Será um instinto primitivo de sobrevivência? Pois se for, quão sábia é a natureza!

É ela mãe dos homens que encontra um meio de ecoar um mesmo amor por gerações

Se me amam hoje, me ensinam a amar o amanhã, e com um quê de sorte esse amor será novamente ensinado.

O ciclo se fecha e se abre ininterrupto da forma mais bela imaginável

Por estes, meus progenitores, mesmo quando ao longe, sempre em meu peito,

Sempre um eterno ressoar de um amor incondicional, minha maior herança.



Fernando Wolf