segunda-feira, 11 de julho de 2016









Aqueles que conseguem viver,
Devotos de seus amores
Nus, na frialdade da pele que habita a cachoeira
Onde vertem as águas puras por entre os seios de uma ninfa
Que beija os próprios lábios e sente o sabor da sua dor
Sopra a face e faz doce o sangue que corta a sua carne

Aqueles que conseguem ver
Que pisam nas areias escaldantes de um deserto cálido
Sobre a mira de estrelas que carregam o peso de bilhões de outras estrelas
Num universo negro, que explode a razão de ser
E desatina a sombridão sobre milhões de cegos
Que como eu, vivem sob estrelas que não veem

Seletos de imensidão,
aqueles que conseguem viver...

O cheiro,
A maresia de ondas que batem em vão
No abraço das grandes rochas inertes
Dissolvem-se em respingos que deliciam as mãos
Daqueles que gritaram por viver 
E honrosamente suportaram as lágrimas caías na terra agreste, 
Sedenta de qualquer emoção


É ali, na solidão de uma noite silenciosa
Que me deito,
O chão, como um bom amigo
Guarda carinhoso as tristezas dos que lhe pisaram
E como num sonho vão
Seguro qualquer torrão seco que se desfaz em pó por entre os dedos
Dando uma estranha sensação 
Dum inicio de qualquer coisa de meu espírito
Que me faz voltar a esperança
De que um dia, minh`alma inunde esta mesma terra
Das mesmas lágrimas dos que um dia ousaram chorá-las
Pois os seletos que choraram com as estrelas, estes sim, as viram
e viveram.






FW 

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