domingo, 13 de maio de 2012

As Invasões Bárbaras - 2003



O premiado filme “As Invasões Bárbaras” traz a despedida, a morte, a razão de existir, o apego à vida, os sentimentos, as relações e seus enredos numa fase mais madura da vida. Apaixonante de verdade com cenas onde os sentimentos são trazidos à tona. Uma das cenas mais bonitas é a da imagem acima entre pai e filho, difícil segurar as lágrimas.
Se tiver um tempo a mais, assista também ao filme “O Declínio do Império Americano” gravado em 1986 com o mesmo elenco – mais jovem obviamente. Aqui os personagens vivem as tramas amorosas/sexuais e existenciais contemporâneas às suas respectivas idades e época.



Abaixo a música L'amitié - Françoise Hardy  - que faz parte da trilha sonora do filme:



A amizade


Muitos de meus amigos vieram das nuvens,
Com o sol e a chuva como bagagem.
Fizeram a estação da amizade sincera,
A mais bela das quatro estações da terra.

Têm a doçura das mais belas paisagens,
E a fidelidade dos pássaros migradores.
E em seu coração está gravada uma ternura infinita,
Mas, as vezes, uma tristeza aparece em seus olhos.

Então, vêm se aquecer comigo,
e você também virá.

Poderá retornar às nuvens,
E sorrir de novo a outros rostos,
Distribuir à sua volta um pouco da sua ternura,
Quando alguem quiser esconder sua tristeza.

Como não sabemos o que a vida nos dá,
Talvez eu não seja mais ninguém.
Se me resta um amigo que realmente me compreenda,
Me esquecerei das lágrimas e penas.

Então, talvez eu vá até você aquecer
Meu coração com sua chama.





Fernando Wolf

Um comentário:

  1. As Invasões Bárbaras retrata um drama pessoal para representar a desconstrução de ideologias nas mudanças de um todo. Pode-se dizer que este filme é primo de Kolya, obra tcheca que retrata o encontro de um músico com um garoto russo através do acaso. Uma analogia à morte e ao novo, ao fim do comunismo e ao começo de uma nova república. Em As Invasões Bárbaras, o confronto pessoal de ideologias está no reencontro de um pai e seu filho. Se Kolya tratava do mundo pós-queda-do-muro, As Invasões Bárbaras questionam o mundo pós-queda-das-torres
    Rémy mesmo personagem de "O Declínio do Império Americano - é um professor universitário que está com uma doença terminal. Internado num hospital público ele espera a volta de seu filho Sébastien que opera numa financeira em Londres.
    Sebastian, após uma briga com um pai, reflete sua condição de futuro órfão. Ele corre contra o tempo para que Rémy tenha um final digno. Para isso, ele tem de subornar o sindicato e a direção do hospital para melhorar a sua estadia e consegue a conivência da polícia para comprar heroína para aliviar o sofrimento de seu pai, procedimento indicado por uma amigo médico. Possibilita ainda, sua irmã se comunicar com o pai; paga a visita de alunos que esnobaram Rémy em sua despedida da universidade por motivos de saúde e convoca os amigos antigos para lhe fazer companhia.
    O grupo de amigos e parentes que passa os últimos dias com Rémy, é formado por professores, antigas amantes, a ex-mulher e um casal gay. Nestes encontros são memoráveis os diálogos da geração que acreditou nas mudanças e que agora convive com guerras preventivas em nome da paz.
    O filme questiona em doses variadas o antiamericanismo, o holocausto indígena, a eutanásia, a globalização, a discriminação das drogas e principalmente a permanência dos valores, os quais estão acima de qualquer ideologia. Principalmente a amizade entre pais e filhos que o dinheiro não compra. Parece propaganda, mas não é.
    Remy apega-se à vida e tem saudade desta antes mesmo de deixá-la. Saudade das conquistas, mulheres e ideologias. Sua amizade com a junkie Nathalie é um dos pontos altos do filme.
    "As Invasões Bárbaras" ganhou dois prêmios no Festival de Cannes: MelhorRoteiro e Melhor Atriz (Marie-Josée Croze), além de ser Indicadoao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

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