segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Desaguado

As fugas de minhas cartas
Repelem o chão que pisei

Hoje não foi um dia bom
Mas quando tomei o café
Tomei a esperança que a cafeína traz
Alias a esperança
Ainda teria valor?
Como um fio de seda que suporta todo o peso de uma vida
Este ultimo recurso da alma humana
Neste mundo e nos mundos que se passaram
Será que é digno, o zelo de nossa vida,
Soprado em esperança?

Acho que a dor da esperança é a sua mudança
Qual estado será pedra?
Até mesmo a pedra evapora migalhas e depois
Pó!
A esperança da pedra é uma,
De não virar pó
E a do pó, qual seria?

A mutação, mais rápida do que a dos seres inertes
Para nós, os vivos
Derrete a esperança no estado líquido
Como uma criança que canta
Despedindo-se da infância
Que o tempo lhe roubou

Vem então o homem menino
O gay transvestido
A mulher e o Rivotril
E a esperança vai diluindo-se
Em drinks
Em noites,
Da brisa tropical noturna da praia de Iracema
Do crepúsculo de um alvorecer marinho
Sozinho

Aqui este pequeno poema
Sorrateiro quando findo, despede-se revendo
Aqueles dedos que já escreveram
Toda a esperança que neste mundo já se desaguou

Com amor,


Vivo




Fernando

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