quarta-feira, 17 de maio de 2017

Outono no sol


O tempo que me abraça os joelhos
O pé de limão que entardece as cascas de seus frutos
Os filhotes gatunos mesclados entre flores jocosas
dum tanque de cimento abandonado
A brisa fresca sobre a fronte
O dia aberto pelo vento
A bromélia solitária no topo dum poste seco,
duma cerca velha e torta
O arame farpado retorcido, vermelho e descascado
O João de Barro enferrujado
A terra mineral árida
O perfume de folhas secas de limão capim
As Monarcas que chacoteiam a qualquer sopro
A imensidão outras de borboletas brancas e amarelas,
entre as folhas dos pés de mandioca
A luz que dói aos olhos
As flores murchas do maracujá
Os buracos e lama de uma estrada de boi,
onde não passam mais bois
O verde rançoso do pasto
Os estalos dos bambus
A araucária triste
O mugido dum boi manso dum terreno vizinho
Os meus dedos magros
Essas mãos que me olham
A pele seca
A solidão


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Um outono bom




FW

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