domingo, 5 de abril de 2015

Cura





Se em vida encontrasse frente ao caos a razão
Dela faria ferramenta, enxada e pão

Se a juventude um dia despedir-se nefasta da minha pele
Que não se percam os olhos, a mirá-la no horizonte do mesmo sol que um dia a queimou

Se a calma entregar suas armas além das trincheiras da brutalidade
Que eu tape os sentidos em prece, esperando que se esgote tamanha força banal

Se as verdades deixarem escaras na face de quem as traz
Nas minhas mãos o ungüento de verdades a mais

Se pelos caminhos da terra encontrar a dor
Que torne a sua cura a incumbência do meu amor

E se o amor escorrer pelo peito a se perder de mim
Que ainda ache na compaixão de outros o adubo deste existir



FW



Foto: Sebastião Salgado

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