segunda-feira, 23 de março de 2015

Além dos sonhos




Em um estado de plena inconformidade, as minhas mãos...
As minhas mãos tocavam trêmulas
Paredes que já não guardavam mais as mesmas medidas
Daquela casa que um dia sonhara em largas escalas
Com o passar de cada frente fria, se reduzia
Ao ponto de ficar menor do que os sonhos que ali dentro cresciam

Dentro de mim, aquele lar que um dia imaginara
Com varandas e  cheiro de mato
Agora fechava as suas janelas e dentro o ar sufocava
Sem respeitar ao menos as árvores que batiam no teto
Sobre o chão, se arranjava um tapete de folhas melancólicas
Caídas mortas, pálidas, estanques de qualquer vida


Queria gritar aos cantos
Que eles não já eram mais meus
Mas quanto mais eu gritava, mais eles se aproximavam do eu
E as raízes que saiam dos meus pés
Se entrincheiravam nas frestas e rachaduras
Buscando fontes potentes e seguras de outras vertentes
Que corriam ao lado de um outro jardim
Do qual nunca havia sequer visto ou ouvido a respeito
Mas que sentia sem razão alguma
Que estava logo ali, entre as folhas caídas
A terra que guarneceria um novo sorrir


A esperança segurou o tempo
As janelas caíram-se uma a uma, exaustas
E as paredes rachadas foram tomadas pelas raízes que corriam campo afora
A sustentar as árvores com suas copas imponentes
De folhas verdes,  que se rasgavam entre telhas e desencontros
O sol da manhã agora transpassava sereno a varanda
E ali, minhas mãos encontravam os teus lábios
Que se perdiam nos meus sonhos
Num eterno sorrir de minh`alma


FW

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