Sei que me esperas
como se o tropismo fosse nossa matemática
Sei que me chamas
em teus desejos contidos
em teus beijos perdidos
Sei que me guardas
em um retrato feio em tua estante
Tem algo ali de errante
Sei que te levas
a caminhos que não querias estar
Por ali caminhar, pelo mero andar
Sei que me esqueces
A cada vinho um desbotar
Uma lágrima a menos, a secar
Agora levas leve tua vida distante
junto a certeza não obstante
de um novo amor, uma nova dor
Tens a bênção em ti do amar
detens o belo do sofrer
Tens uma vida a zelar
Num irremediável tempo de rescisão
Um contrato frágil
Dum começo vão
Nossas vidas se ataram
e agora se vão
vão com o vento,
com o tempo,
vão...
Fernando Wolf
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