domingo, 2 de setembro de 2012

Guardião



Não quero desfazer-me de outros adjetivares
Mas é em ti os olhos que idolatro
São redondos, escuros e bonitos
Cercados pela fala constante e ponderada
Que acalma a alma e acalenta ao ego

Tenho para mim, eles aqui, em meio às cortinas
Que se fazem espetáculo tênue, não mostrado
É algo de ti guardado, mas que a mim
Prende uma singela atenção, vinda lá deste coração

São teus olhos, olhos de meiga menina  
Preocupada com a guarida dum aprender
Sufocada pelo tempo ainda não vivido
Mas que mostra ali enrustido, em nuances febris
A mulher em ti contida, madura de atos guardados
Que esperam deixar o recado, a quem for
Que já sabes o que é o amor
E ali conheces o desejo, o sabor do medo
De toda natureza que pulsa em ti

Tens pois agora um guardador
Destes teus olhos inconstantes
Que mantenho comigo, em minha estante
Eles ali expostos, a matar a saudade
Pois aqueles olhos agora são meus,
Tão seus, e continuam a soprar
Nas doces lembranças, que guardo cá


Fernando Wolf

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