quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quem me dera escrever-te cartas de agosto
A sensatez já pousaria por sobre as letras
E meu coração já não teria mais tinta
Não haveria borrões nem letras tremidas
As palavras seriam suaves e redondas


Quem dera escrever-te palavras de agosto
O sabor já seria mais doce e palatável
A madeira já estaria seca para queimar
A passarada migrante já estaria na Patagônia
E os jardins seriam de grama verde sem flores

O tempo seria cinza e ameno
Os campos esperariam nova safra de trigo
A terra guarneceria seus minerais
A água esperaria o molhar de outras plantas
E o amor presente se faria inerte...

Janeiro, minha cara, é ainda temporal
Tudo é tão quente que dói na pele
A água efervescente jorra nos vales
As lástimas perduram nas nascentes
E as laranjas caem podres de desilusão

Mas minha cara! Agosto ainda virá!
Repousaremos cada um sob seu campo
E beberemos vinhos de carvalho velho
Mirando as estrelas que por outras noites
Alumiaram as nossas mais belas lembranças

Por agora, só me resta esperar o mês de agosto...


Fernando Wolf

Nenhum comentário:

Postar um comentário