A sensatez já pousaria por sobre as letras
E meu coração já não teria mais tinta
Não haveria borrões nem letras tremidas
As palavras seriam suaves e redondas
Quem dera escrever-te palavras de agosto
O sabor já seria mais doce e palatável
A madeira já estaria seca para queimar
A passarada migrante já estaria na Patagônia
E os jardins seriam de grama verde sem flores
O tempo seria cinza e ameno
Os campos esperariam nova safra de trigo
A terra guarneceria seus minerais
A água esperaria o molhar de outras plantas
E o amor presente se faria inerte...
Janeiro, minha cara, é ainda temporal
Tudo é tão quente que dói na pele
A água efervescente jorra nos vales
As lástimas perduram nas nascentes
E as laranjas caem podres de desilusão
Mas minha cara! Agosto ainda virá!
Repousaremos cada um sob seu campo
E beberemos vinhos de carvalho velho
Mirando as estrelas que por outras noites
Alumiaram as nossas mais belas lembranças
Por agora, só me resta esperar o mês de agosto...
Fernando Wolf
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