sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Olhos velhos





Das rugas olheiras alheias
que antes me causavam respeito e idolatria
Agora as tenho à reveria
Já não me causam mais efeito,
Simples o tempo,
Fez de mim também velho de alma
Saudoso do tempo que o olhava de longe
Admirado

Sem mais,
Nada agora me parece espantar,
A humanidade simula e se refaz em fenômenos quaisquer
E as pedras continuam lá
Enfrentando o vento
Doando seus fragmentos
Às areias do universo

Que meus fragmentos
Possam também calmos voltar um dia
Ao fundo deste imenso oceano
Lá onde os peixes são peixes
E o mar, ainda é mar


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FW

domingo, 6 de novembro de 2016

Ser plena rosa





Presa em suas próprias pétalas
Ela vertia o néctar de sua tristeza
De um dia ser como cravo neutro
Sem vermelho
Não queria mais vermelho
Não queria mais ser vista de longe e ter perfume
Sonhava ser branca, como a parede
Poder viver desapercebida
E viver em paz

Mas acordou renascida
Em meio à uma fenda entre a rocha
E se viu rosa sem cravos
Seu perfume era intenso
Sua tez era sangue quente
Era rosa, na sua mais sincera natureza
Com espinhos
Que somente quem lhe trouxesse delicadeza
Poderia sentir o afago de sua face

Era rosa
Pois lhe era direito!

O perfume que corria
Por entre os cravos,
Por entre o capim
Ou por entre qualquer coisa
Era correnteza
E não havia quem segurasse
O desabrochar de suas pétalas




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