Se em vida encontrasse frente ao caos a razão
Dela faria ferramenta, enxada e pão
Se a juventude um dia despedir-se nefasta da minha pele
Que não se percam os olhos, a mirá-la no horizonte do mesmo sol que um dia
a queimou
Se a calma entregar suas armas além das trincheiras da
brutalidade
Que eu tape os sentidos em prece, esperando que se esgote tamanha força banal
Se as verdades deixarem escaras na face de quem as traz
Nas minhas mãos o ungüento de verdades a mais
Se pelos caminhos da terra encontrar a dor
Que torne a sua cura a incumbência do meu amor
E se o amor escorrer pelo peito a se perder de mim
Que ainda ache na compaixão de outros o adubo deste existir
FW
Foto: Sebastião Salgado