quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Para João



Quanto às pequenas coisas da vida
É deste chão que vais conhecê-las melhor João
Porque do céu, tudo é muito pequeno
E de lá não vemos o sorriso daquela moça
Nem o cachorro lambendo a criança na praia
Lá de cima é tudo tão longe que as vezes parece sem importância

Claro, para quem nunca foi ao céu como você
Recomendo ir nos dias de "ter que engolir"
Para também entender o quão pequenos somos
De que nada adianta querer ser maior que nosso existir
Pois como as andorinhas que lá passam
Nós aqui de baixo também nos vamos indo
Devagarinho deixando o nosso ninho
Dando adeus àquilo tudo
Esperando do fim, um algo de novo por vir

Então, para a vida ser toda a sua graça
Declamo com toda emoção:

“É hora de tocar o seu chão, João”

Para poder sentir de perto as raízes que sustentam o seu mundo
Daquele tempo com cheiro de grama
Por onde o rio fez a curva
E não quis mais voltar


É quando você recosta a cabeça sobre a areia
Que a perspectiva das ideias mudam
Tudo fica grande de novo
E no dançar sob o sol peneirado das árvores
Em manhãs seguras
Surgem caminhos que voltam a soprar os bons ventos
De quem nunca esqueceu:

“Um dia eu já passei por lá”



Mesmo ainda se os olhos estiverem mais cansados
Sobre suas pernas franzinas e humildes
O quão bom João é poder reinventar
Para enfim levantar daquele banco de praça
Nestas noites serenas, de brisa modesta
E num primeiro novo passo, redescobrir todo o prazer
De simplesmente se poder continuar
Neste mundo grande, a caminhar

João, meu caro,
podes sim acreditar


FW

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