segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Finado boêmio








Ah meu amigo finado

Depois de certo dia em romaria

Já deixastes a boêmia e por fim,

Te tornastes um boêmio naufragado

Em praias de ventos gelados

Negastes a rua para provar o fato

De que amado já fostes enfim

Eras presidente, médico, agrônomo

Mas no fim, eras mesmo o teu engodo

Pois as ruas as tuas as minhas verdades

Eram as ondas as pernas as curvas

As mulheres e suas lembranças nuas

Era o resto, trabalho e progresso

Teu processo mais indigesto

No fugir da bravura amante

Nas paredes sem graças às traças

Vinha a noite sem pressa e modesta

Clamar por ti em se ir num partir

Corrias por fim em ladeiras esguias

Quando a música ao fundo se ouvia

A cada passo um janeiro um sorrir

Das moças dos pastéis e das louças

Do samba nos teus pés, entre as coxas


Era ali meu amigo finado,

Que tinhas realmente encontrado

A felicidade dançando ao teu lado


 Era ali meu amigo finado,

Que o boêmio de coração machucado

Deixava a saudade num samba chorado






F W




Inspirado pelo grande boêmio Noel Rosa 

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