Ah meu amigo finado
Depois de certo dia em romaria
Já deixastes a boêmia e por fim,
Depois de certo dia em romaria
Já deixastes a boêmia e por fim,
Te tornastes um boêmio naufragado
Em praias de ventos gelados
Negastes a rua para provar o fato
De que amado já fostes enfim
Eras presidente, médico, agrônomo
Mas no fim, eras mesmo o teu engodo
Pois as ruas as tuas as minhas verdades
Eram as ondas as pernas as curvas
As mulheres e suas lembranças nuas
Era o resto, trabalho e progresso
Teu processo mais indigesto
No fugir da bravura amante
Nas paredes sem graças às traças
Vinha a noite sem pressa e modesta
Clamar por ti em se ir num partir
Corrias por fim em ladeiras esguias
Quando a música ao fundo se ouvia
A cada passo um janeiro um sorrir
Das moças dos pastéis e das louças
Do samba nos teus pés, entre as coxas
Era ali meu amigo finado,
Que tinhas realmente encontrado
A felicidade dançando ao teu lado
Que o boêmio de coração machucado
Deixava a saudade num samba chorado
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