sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Meus Olhos






De quem são estes olhos?
Até bem pouco tempo pareciam tão meus
Embebiam-se em tormentas
Secavam ao sol o orvalho dos dias de tristeza
Brilhavam com alegria os domingos de xácara
Um menino com os olhos do coração


Estes olhos não parecem mais meus
Tomo um susto no relance do reflexo
Parecem um vulto, de rugas e cansaço
Talvez um pouco mais seguros de si,
Mas não, a segurança não habita mais ali
Pelo menos não é mais sincera,
Parecem querer esconder algo, um receio
Mas ali também um olhar de aceitação
Aceitam agora a sua densidade, afagam a retidão




Ah mas eles mudam sim, por vezes!
Em relances de sorrisos da alma
A acompanham logo de imediato
Mudam de feições, brindam as doces ilusões
Fazem lembrar que estes olhos são de alguém sim
Num instante esquecem os traços carregados do tempo
Revivem uma criança de olhos redondos
Espantados, mas com a certeza de suas pernas
Deitados na esperança, naquela breve esperança
Ali sim, os olhos meus, no sorriso daquele menino



Fernando Wolf – Um brinde aos 28

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