sexta-feira, 8 de março de 2013

Dias de tormenta e paz






Em tudo há algo que se constrói e algo que se destrói. A natureza ganha vida nestes dois estados. Se fosse pétrea, não seria natureza. Nosso coração guarda os mesmos princípios. Por vezes é necessário destruir algo antes construído para que a vida que guardamos no peito se mantenha e se reconstrua das cinzas deixadas.
Tal princípio é válido para todos os aspectos de nossa vida. No amor, vivemos processos de expansão e retração das virtudes e sombras carregadas. Isto tanto pode ocorrer com separações onde não há mais energia capaz de sustentar os laços construídos, quanto dentro de uma mesma relação.
No trabalho, nas conquistas, vivemos períodos de auge e excitação, que tão breves são, quanto os de frustração. Afinal é a dinâmica da vida ocorrendo, em perene permuta, oscilando em suaves e drásticas mudanças.
É necessário o conhecimento da naturalidade que existe no processo da mudança, do construir e destruir que a vida carrega. É necessário entender que também carregamos a estes dois estados. Mimetizamos a vida, a natureza, o que está a nossa volta. A partir deste conhecimento, poderemos sim talvez identificar as estações, e antever a tormentas ou a primaveras plácidas e quentes. Está aí a nuance da maturidade. Com o tempo, já conseguimos identificar melhor, quando vamos precisar nos proteger do frio, mas também sabemos quando já é hora de ir ao campo deitar-se ao sol. Se conseguirmos prever a tudo isso, ou mesmo identificar nossas atuais estações interiores, é possível minimizar eventuais sofrimentos.
Em dias de tormenta, coloquemos nossos casacos, fiquemos mais resguardados em nossos lares, não abusemos de nossos vícios, não alimentemos ao que destrói. Façamos que o furacão seja dentro de um ínfimo copo d’água.
Já nos dias de verão, em que os solos são férteis, plantemos as mais belas flores, cultivemos a bosques com os frutos mais doces. Isso talvez nos resguarde a energia para os dias mais calamitosos. Escrevamos cartas de amor, aos que amamos, aos que perdoamos, ao próximo... Cultivemos as virtudes guardadas, para então poder colocá-las ao sol. Quem sabe todos possam, com a beleza que guardas, se inspirar, se renovar, como já o fizeste tu.


Fernando Wolf

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