sábado, 2 de abril de 2011

Era um sonho

Estávamos em uma roda entre grandes amigos e colegas de faculdade. Grandes camaradas que me marcaram com certeza, destes que vem para possuir as mais vivazes lembranças de nossas mentes. Estavam todos em uma sala num ambiente muito animado, uma sala simples e pequena. Era uma reunião de reencontro ou despedida não sei bem, mas sentia os dois. Ansiava pelas surpresas que meu mestre guardara. Não era só meu mestre, era de todos. O estimávamos como um grande amigo. Ele iniciou fazendo pequenas homenagens a fatos ocorridos durante a nossa convivência. Mostrava fotos de meu amigo e suas extravagâncias e todos riam. Assim, meu mestre se fazia muito amoroso sempre fazendo questão que cada pessoa ali soubesse o quanto significava na sua vida e o quanto ele tinha amor por cada um.
Mas algo não me parecia certo ali. Meu nome não vinha, e tinha a angústia de querer ganhar aquele amor, ao mesmo tempo sentindo que não havia plantado tanto amor quanto as outras pessoas. Estava irritado. Até que chegou a minha vez de falar. Nisso me interrompe um ser. Era uma mulher numa cama, era quem eu amava. Não tinha face conhecida, mas sentia que a amava. Ela estava pálida, caquética algo como um paciente terminal. Ela estava ao lado de outros que tinham amor por ela e eles como eu, sabiam que ela iria morrer em breve. Eu, mesmo assim, diante de todos, consumido pelo ódio de não ter recebido aquele amor desejado, a xinguei. Era como uma vingança por todas as mágoas que ficaram entre nós. Falava mal daquele ser frágil e pálido consumido pela sua doença. Ela não chorou, ela somente se absteve. Os que estavam em volta a confortaram.
Foi então que meu mestre deu um presente de algum significado e a abraçou, falou quanto ela era especial e significava a todos. Houve uma mudança nos meus sentimentos. Eu vi a mim mesmo e não gostei. Eu vi quão tolo é o que guarda mágoas e se priva de amar. Nisto, despreocupo-me se ganharia uma homenagem ou não, solicito permissão dos que estavam envolta dela e me aproximo. Ela me olhou com ternura e se levantou com dificuldade. Eu peguei em sua mão, nos abraçamos e nos despedimos em lágrimas.
Acordei... Meu peito abrigava algo ainda estranho. Pensei o quanto aquilo estava carregado de significado. Duas grandes lições logo me vieram...
O maior presente que podemos ter é a capacidade de amar aos outros e poder demonstrar isso. Só chegamos a este ponto amando a nós mesmos. Do contrário muito pouco temos a dar e acabamos por permanecer num estado egoísta. Era meu mestre me ensinando, me dando um grande presente. Se buscava um sentido em minha vida, um propósito, este me pareceu o mais autêntico... A paz se restabeleceu em meu peito.
A segunda lição foi de que amores nascem e morrem em nós. Alguns podemos carregar juntos sempre até a nossa partida deste mundo. Senti que nossos amores podem vir junto a mágoas sejam elas coerentes ou não. Infelizes seremos se deixarmos o ódio dominar as nossas mais doces lembranças. Triste daquele que não consegue ver a efemeridade da vida e perdoar a si e a quem amou pelas mágoas deixadas. O amor e somente o amor pode trazer um significado digno a nossa passagem e aos mais diferentes tipos de vida que escolhermos neste mundo. Se não fizermos do amor nosso presente, quando olharmos para trás nos restará muito pouco. Dê amor e ganhe vida.
Hoje eu tive um sonho que mudou a minha vida de alguma forma. 

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